Antologia Poética


Instantes

Tenho tão pouco tempo,

Ainda assim quero viver,

Inda que o tempo seja pouco,

Quero viver inda que um só instante,

Ou até um instante a mais,

E se este instante eu ter,

Quero estar em teus braços,

Sufocado por teus abraços,

Tomado por teus beijos,

Te amando a cada um destes instantes,

Não me importando por quanto tempo,

Vivendo cada um destes instantes,

Como se fosse um único instante,

Já que cada instante é único,

E são bem melhores quando,

Vividos ao lado teu.



Quero fazer de meus instantes,

Instantes que durem uma vida inteira,

Quero viver meus instantes,

Os mais importantes da vida,

Já estes meus instantes não são lampejos de vida,

Pois, a vida acontece sempre em poucos instantes,

Para eu os instantes ou a vida só importam quando,

Estou sufocado por teus beijos,

Tomado por teus abraços,

Te amando a cada instantes,

Assim estes meus instantes,

São mais que meros instantes,

É toda a vida que acontece,

Nos instantes em que te beijo.

(Anesino Sandice)




Educar

Caminhar,

Algo que parece fácil,

Afinal muitos animais caminham ao nascer,

Mas, o homem, o mais desenvolvidos deles,

Só caminha após um ano,

É preciso marcar os passos,

Só assim podemos avançar.



Avançar é conhecer os passos,

Saber onde paramos,

Para sempre seguir em frente.



Muitos chamam-me de mestre,

Mestre eu, se me for entregue,

Tijolo, cimento e areia,

Não sairá uma casa,

Porém, na mão de vocês, nossos alunos,

Erguer-se-á um sólido desenho mágico,

Muitos chamam-me de mestre,

Mas, nas minhas mãos,

Tecido, agulha e linha,

Continuarão sendo, tecido, agulha e linha,

Nas mãos de vocês nossos alunos,

Isto será roupa,

Muitos nos chamam de mestre,

Em nossas mãos, arroz, água e sal,

Serão só arroz água e sal,

Mas, nas mãos de nossas alunas,

Isto será banquete.



Não há saberes maiores,

Há certamente saberes diferentes.

À distância do sonho e a realidade é o caminho percorrido pelo sonho,

Somos nós que fazemos o mundo tal qual ele é,

Caso queiramos faz-lo diferente,

Precisaremos primeiro sonhar,

Não nos bastará fazê-lo diferente,

Será preciso fazê-lo melhor,



Sonhemos com um mundo melhor,

Para que um dia possamos ter um mundo melhor.

(Anesino Sandice)





Vamos,

Agitar a galera,

Armar a balada,

Todo mundo plugado,

No celular animal.



E p´ra cortar a vogal,

Num orkut legal,

E a balada começa sem dia sem hora,

É por e-mail,

É mensager,

É MSN

É tudo caminho,

É tudo ter jeito,

P´ra ver a galera,

E mais um dia ficar,

Ficar com mais,

Ficar com mais quantos,

E depois esquecer,

Esquecer, não sem antes mostrar,

Mostrar com quem e fica,

Mostrar o troféu.



Vamos juntar a galera,

P´ra uma noite legal,

A balada é no bar,

A balada é no point,

A balada animal,

Ou vai pelo orkut,

Ou lá vai um torpedo,

Vê se fica plugado,

P´ra não perder o agito,

P´ra não perder o momento,

P´ra não ficar para traz,

Se liga que a mina ta a fim.



Vem,

Agitar a galera,

Vem curtir a balada,

E é que tudo começa ou termina,

Na próxima balada,

No torpedo que vai.

(Anesino Sandice)



JUVENTUDE



São e serão sempre os jovens,

Quem herdará o mundo,

Um mundo feito por nós,

Nós que como eles já descordamos,

Da forma com que nossos pais faziam o mundo.



São e serão sempre os jovens,

Quem terá a difícil tarefa de como nós seguir fazendo um mundo,

Tal qual é, tal qual um dia queríamos fazer diferente,

Mas, como nós a tão pouco a mudar,

Já que nem o sonho de algo diferente como o que vivemos é mais possível.



Ainda assim são e serão sempre os jovens,

Quem terá que tocar a roda que move o mundo,

Mas, sem o sonho resta a conformação inconformável,

E quando não se sonha se rebela,

Quando a rebeldia não constrói, vira fuga,

Assim vemos os troféus de nossos sonhos serem deturpados,

Vemos a conquista de nossas gerações ganhando rumos outros,

E ainda nos achamos no direito de perguntar?

O por quê?



Mas, sabemos não são os porquês,

É a morte do sonho,

É a falta da perspectiva de uma geração pós-morte dos sonhos,

Assim vemos e veremos a liberdade sexual conquistada em nossas gerações,

Liberdade conquistada após muita luta, muito sangue, sangue de muitas gerações,

Hoje sem o grande sonho, vemos nossa liberdade virar libertinagem.



Mas, sabemos não são os porquês,

É a morte do sonho,

Mas, não é só a morte do sonho,

Já, que não realizamos nossos sonhos, qual tal sonhamos,

Deixamos brechas que mataram nossos sonhos,

Mas, são e serão sempre eles,

Quem terá de encontrar forças,

Para vencerem as drogas e a falta de sonhos,

Para erguerem neste mesmo local,

Um mundo onde seja possível,

Sonhar com um outro futuro!

(Anesino Sandice)



É sempre muito fácil,

É só pensar em si,

É só esquecer de tudo e de todos,

Assim é mesmo muito fácil,

Mas, a vida não é bem assim,

E o que é vida afinal?



Certamente a pergunta acima não é correta,

Até por que viver é não apenas o respirar,

Como que muitas formas de vida,

Viver é certamente muito mais que respirar,

E a pergunta será, qual é nosso papel nesta vida?



Assim descobrimos que só somos o que somos,

Pelas muitas relações que desenvolvemos,

Assim descobrimos que só somos o que somos,

Pelo meio em que vivemos,

Assim descobrimos que não somos,

Apenas estamos sendo, para que um dia possamos vir a ser.



Assim descobrimos que só somos o que somos,

E só viremos a ser um dia,

Caso dediquemos à construção de algo maior que o individuo,

E só viremos a ser um dia,

Caso deixemos as questões de ego,

De quem crê que o mundo começa e termina em nossos umbigos,

É uma construção nada fácil, porém,

Precisamos perder a pressa e curtir o segundo,

Precisamos aprender a estender a mão,

Para que um dia possamos encontrar a mão de alguém.



Sabemos bem o que temos,

E gostaríamos de saber o que é realmente necessário,

Mas, estender a mão, dispensar um minuto para uma outra pessoa,

Certamente é pouco, certamente não percebemos que já não o fazemos,

Talvez, quando sabermos o que é realmente necessário,

Esperamos que neste instante nos demos o luxo de estender a mão.


(Anesino Sandice)



Queria ser o menino,

Para como menino eternamente poder te amar,

Queria ser o homem,

Que tens o privilégio de possuir teu amor,

Queria ser um Deus,

Para como Deus eternizar este nosso hipotético amor!



São tantos os meus quereres e tão dura minha realidade,

Cabe-me o sonho de poeta,

Que perenemente dorme,

À sombra da arvore,

À luz da lua,

Que nestes sonhos sou,

Um menino com a força do homem que,

Vive com a única função,

Satisfazê-la,

Nestes meus sonhos sou,

Eternamente menino que vive a contemplar este nosso esplendido amor,

Nestes meus sonhos, apenas sonhos meus,

Sou o homem que bate no peito, pois, sei que por ti sou amado,

E quando acordo ainda sonhando sei,

Da força deste nosso amor,

Nestes meus sonhos sou,

Um Deus e como Deus sei que ao acordar,

Este nosso amor será possível e real.



Mas, acordo já velho,

Com os sonho vitalizado e o corpo frágil,

Que pode bater no peito e dizer,

Que em sonhos teu amor já foi meu!

(Anesino Sandice)




TIRANO AMOR

Vidas possessivas
Canibal violência

Vidas presas
Instintiva obsessão

Vidas pêsames
Ódio fulminador

Vidas mortas...

(São Paulo, 06/ 02/ 97 - Nado Itaguary)



MAGNA

Magna expressão
Conceitual solidão

Magna palavra
Verbal mistério

Magna lei
Disciplina dolorida

Magna vida
Extensão infinita

(Belém, 06/ 02/ 97 - Nado Itaguary)




DERRAMADO

Viajei no café derramado em folha branca de papel

Meu silêncio criou espaços imagináveis na memória...

Contemplei o céu
O brilho das estrelas
O horizonte do mar
O barco a navegar
A cheia lua dourada
Sintonizei minha consciência com a arte da liberdade...

Derramei meu sonho
Meu mundo em cada instante de meu ser palpitante de alegria

(Belém, 26/ 12/ 97 - Nado Itaguary)




A VIDA É DOM

A vida é Dom de Deus
Magia infinita no universo
Ato e potência presente no mundo

A vida é Dom de Deus
Dom feito presente criador
Dom feito arte de amor

A vida é Dom de Deus
Semente que cresce
Desabrocha em jardim

A vida é Dom de Deus
Dom concreto de ternura
Dom palavra de candura

A vida é Dom de Deus
Força na gente
Graça atraente

(Belém, 27/ 12 / 97 - Nado Itaguary)




TUDO É DIVINO

A vida vai tomando rumo no horizonte de minha visão

Tudo é divino
Nossa vida é penetrada pelo Sagrado

A existência encontra sentido na caminhada

Tudo é divino
Nossa humanidade é sêmen de liberdade

A essência do viver és tu Javé nossa verdade

Tudo é divino
A palavra libertadora em toda nacionalidade

(São Paulo, 25/ 10/ 96 - Nado Itaguary)





BÍBLIA

Brilha a luz de Deus
Introdução da caminhada
Beleza na mão do povo
Liberdade de novo
Intensidade do amor
Abertura do broto

(São Paulo, 23/ 09/ 96 - Nado Itaguary)



GERAR

Cria um mundo novo
Gera existência

Cria uma coisa nova
Gera arte – vida

Cria um poema
Gera a flor da essência

Cria uma canção
Gera harmonia

Cria uma palavra
Gera liberdade

(São Paulo, 23/ 09/ 96 - Nado Itaguary)




ACRÓSTICO DAS CEB’S

Comunidade de fé
Esperança no Senhor e no amor coletivo
Base de luta e libertação
Semente de uma nova sociedade

(Ananindeua, Junho de 1993 - Nado Itaguary)




PAZ E JUSTIÇA

Não quero morte
Quero paz

Não quero violência
Quero justiça

Não quero violência
Quero paz

Não quero violência
Quero justiça

Não quero morte
Quero paz e justiça

(São Paulo, 09/ 09/ 96 - Nado Itaguary)




NEOLIBERALISMO

Neoliberalismo é exclusão

É morte
É individualismo
É desemprego
É consumismo
É hedonismo
Robôs humanos

Neoliberalismo é maldição

(São Paulo, 09/ 09/ 96 - Nado Itaguary)




ENIGMA DA VIDA

Caminho sem fim
Jornada de esperança
Indecisão do porvir
Quem espera alcança

Ordem da estrada
Força bruta
Ali está minha parada
Ego da puta

Caminho de certeza
Ação de mutirão
Sou a presteza
Elo da paixão

Ordem da decisão
Trajeto da ida
Passos da opção
Enigma da vida

(São Paulo, 18/ 07/ 96 - Nado Itaguary)





TEMPO TRÁGICO

O Tempo - movimento da história corre veloz
As filosofias epistemológicas pairam no mundo

O empirismo deixou marcas no modernismo
O racionalismo penetrou espaços do ego profundo

A pós – modernidade traz a subjetividade como grito de revolta
Indignação ética

O neoliberalismo é o sistema mercadológico do religioso, do político e do econômico...
Marca desigual

A metafísica estética espelhar dos burgueses
A exclusão e a miséria parecem banais

Somos filhos de um tempo trágico
Tecnologia e desemprego
Tempo dos “emergentes” e do progresso fatal

Era de dor e sofrimento
O Tempo de ilusão, opressão e morte um dia acabarão!

(São Paulo, 30/ 07/ 96 - Nado Itaguary)


SEM AS ÁGUAS


O que será de nós sem as águas?

O que será de nós sem os rios?

O que será de nós sem as fontes?



Deixe as águas correrem

Deixe os rios viverem

Deixe as fontes nascerem



O que será de nós sem a vida?

O que será de nós sem a inspiração?

O que será de nós sem o amor?



Deixe a vida criar

Deixe a inspiração voar

Deixe o amor brotar



(Nado Itaguary - São Paulo, 09 de Fevereiro de 2007